segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

#23 - Sherlock Jr. (1924)

Título: Sherlock Jr.
Duração: 45 minutos
Dirigido por: Buster Keaton
Escrito por: Clyde Bruckman, Jean Havez, Joseph A. Mitchelll
Produzido por: Buster Keaton, Joseph M. Schenck
Estrelado por: Clyde Bruckman, Jean Havez, Joseph A. Mitchelll
IMDB: 8,3
Rotten Tomatoes: 94%


     Sherlock Jr. é outro filme do hilariante Buster Keaton, que com sua genialidade nos faz rir com suas caras e acrobacias. Neste filme, porém, seu grande mal foi o curto tempo. Toda a diversão que senti em Nossa Hospitalidade não se repetiu totalmente aqui.
     Sherlock Jr. tem cenas espirituosas e divertidas, mas seu curto tempo nos privou de nos "conectarmos" com a história, além do próprio filme ser dividido entre a história "real" e a história "dentro da tela".
     Falando em "dentro da tela", preciso citar uma cena grandiosa em que Keaton "entra" no filme que passava no cinema. Aquele momento é de uma genialidade e precisão inacreditáveis para aqueles tempos.
     Sobre a história, Sherlock Jr. conta a história de um jovem que trabalha no cinema e sonha ser o maior detetive do mundo. Ele visita o seu interesse amoroso, mas durante seu encontro um anel é roubado da casa. Enquanto que "Sherlock" começa a investigar, o seu rival consegue colocar a culpa sobre ele.
     Grande parte do filme é passado porém dentro da tela do cinema. Uma das melhores cenas do filme acontece no final, onde os dois se beijam "imitando" a cena do filme.

NOTA: 7/10. Vindo de Keaton poderia ter sido muito melhor.

CURIOSIDADES:

62° melhor comédia pela AFI.

CITAÇÕES:

"Be careful or one of us will get hurt."

PRÓXIMO: A Última Gargalha...um novo filme de Murnau, este sobre a velhice e a vergonha humana.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

#22 - Ouro e Maldição (1924)

Título: Greed
Duração: 240 minutos
Dirigido por: Erich von Stroheim
Escrito por: Erich von Stroheim, June Mathis
Produzido por: Erich von Stroheim, Irving Thalberg
Estrelado por: Gibson Gowland, Zasu Pitts, Jean Hersholt, Dale Fuller, Cesare Gravina, Frank Hayes, Fanny Midgley
IMDB: 7,9
Rotten Tomatoes: 100%

     Contrariando a "sugestão" de Roger Ebert, decidi me aventurar e minha primeira experiência com Ouro e Maldição foi a reconstrução de 240 minutos usando fotos. E não me arrependo de minha escolha. Um filme poderoso, um filme extremamente humano, que consegue nos transmitir uma imagem tentadora sobre a decadência humana por meio da ganância e do amor pelo dinheiro.
     Von Stroheim novamente brilha em sua direção, e fico imaginando a perfeição que teriam sido as suas 9 horas de filme. A história do filme consegue ser detalhada sem se arrastar, mantendo continuamente o nosso interesse.
     McTeague é um jovem que se torna aprendiz de dentista. Muitos anos depois ele, já com seu consultório, se apaixonada por Trina, a prima e quase noiva de seu melhor amigo Marcus. McTeague conversa com ele e Marcus acaba por "entregar" Trina para seu amigo.
     McTeague e Trina vão se aproximando durante suas investidas e ela acaba por concordar se casar com ele. Pouco depois ela ganha na loteria um grande valor. Após seu casamento, McTeague é procurado por Marcus.
     O amigo se ressente de, além de ter perdido Trina, ter perdido um dinheiro que considera ser parte seu. Uma discussão acontece entre os dois amigos e ambos se afastam brigados. Alguns anos se passam e Trina se tornou uma "pão-duro", não tendo gastado 1 centavo de seu prêmio na loteria e guardando obcecadamente casa centavo que pode.
     A decadência do casal começa quando McTeague é denunciado por Marcus para a Sociedade Odontológica por exercer a função sem diploma. Seu consultório é fechado e ele fica desempregado, Trina se ressente dele e continua a se recusar a gastar seu dinheiro.
     Não contarei muito mais a partir daí, mas para exemplificar a decadência deles, McTeague morde os dedos de Trina por raiva e ela para não gastar seu dinheiro não procura nenhuma médico. Em outro momento, este muito memorável, Trina retira todo o seu prêmio do banco e dorme junto a ele na cama.
     Além da ótima história, as atuações dos dois atores principais foram perfeitas, com especial elogio a de Zasu Pitts.

NOTA: 9,5/10. Eu pensei muito em dar a Ouro e Maldição a primeira nota 10 do blog. Esta nota apenas não saiu devido as, na minha opinião, desnecessárias duas subtramas.

CURIOSIDADES:

Von Stroheim foi considerado bastante "megalomaníaco" durante as filmagens deste filme. Na cena final no deserto do Vale da Morte, o diretor não aceitou gravar em outro deserto e levou os atores e as pesadas câmeras para o próprio Vale da Morte. As câmera estavam tão quentes que toalhas molhadas tiveram que ser colocadas sobre elas durante as gravações.

Na cena final os atores já haviam adquirido um grande ódio de Stroheim .Na cena da luta entre Marcus e McTeague, o diretor gritava para ambos: "Hate each other! Hate each other as much as you hate me!"

Demorou dois anos para ser gravada completamente.

Suas horas perdidas são consideradas o Santo Graal do Cinema.

CITAÇÕES:

"GOLD - GOLD - GOLD - GOLD. Bright and Yellow, Hard and Cold, Molten, Graven, Hammered, Rolled, Hard to Get and Light to Hold; Stolen, Borrowed"

"I'll see you starve before you get another penny... of my money!"

"It takes money to live, Mac."

"-Come on, Trina, I wouldn't even treat a dog like this!
-Not even if he... bit you?"

"Let's go sit on the sewer. "

PRÓXIMO: Sherlock Jr...outro filme do hilário Buster Keaton.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

#21 - A Greve (1924)

Título: Stachka
Duração: 82 minutos
Dirigido por: Sergei Eisenstein
Escrito por: Grigori Aleksandrov, Ilya Kravchunovsky, Valeryan Pletnyov, Sergei Eisenstein
Produzido por: Boris Mikhin
Estrelado por: Maksim Shtraukh, Grigori Aleksandrov, Mikhail Gomorov, Aleksandr Antonov, Ivan Klyukivin, Yudif Glizer
IMDB: 7,6
Rotten Tomatoes: 100%


     O primeiro dos filmes produzidos para exaltarem a União Soviética me provou duas coisas: a primeira é que Sergei Eisenstein é um gênio, a segunda é que mesmo um gênio pode deixar um filme chato e cansativo.
     O filme conta a história de uma greve em uma fábrica durante a Rússia Czarista. Os donos sem escrúpulos acusam um dos operários de ladrão e este se mata. Os outros iniciam a greve imediatamente, matando alguns capatazes.
     A Greve foi um filme que, para mim, se mostrou desinteressante, fazendo eu até mesmo cochilar. E eu sei qual foi o grande erro do filme: ele não tem um protagonista, seu protagonista é o povo. Essa coletividade, uma forma de propagando para o comunismo, não me agradou. Me chamem de conservador, mas prefiro os nossos filmes.
     Apesar de minhas grandes críticas ao filme, reitero que Eisenstein é um gênio, com um talento invejável para sua jovem idade, tendo ele apenas 26 anos na época do filme.

NOTA: 5/10. Poderia ser muito menos sem Eisenstein.

CURIOSIDADES:

Primeiro filme dirigido por Sergei Eisenstein, e com apenas 26 anos.

PRÓXIMO: Ouro e Maldição...o maior clássico de Von Stroheim, o Santo Graal do Cinema, o épico perdido!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

#20 - O Ladrão de Bagdá (1924)

Título: The Thief of Bagdad
Duração: 155 minutos
Dirigido por: Raoul Walsh
Escrito por: Achmed Abdullah, Lotta Woods, Douglas Fairbanks
Produzido por: Douglas Fairbanks
Estrelado por: Douglas Fairbanks, Julanne Johnston, Sojin Kamiyama, Charles Belcher, Snitz Edwards, Anna May Wong, Brandon Hurst
IMDB: 7,9
Rotten Tomatoes: 96%

     Um filme diferente dos outros vistos nesta lista, ele nos traz uma aventura daquelas que estamos acostumados a ver hoje em dia. Praticamente um "percursor" de Indiana Jones e filmes desse estilo. Com cenários espetaculares, O Ladrão de Bagdá diverte e nos prende, mas poderia ser um pouco mais.
     O filme conta a história de Ahmed, um ladrão que anda pelas ruas de Bagdá roubando tudo o que deseja. Um dia ele entra no palácio e enxerga a princesa, passando a deseja-la. A princesa faz aniversário no dia seguinte e príncipes de diferentes regiões chegam a Bagdá para pedir sua mão em casamento.
     Um desses príncipes é o Príncipe Mongol, que pretende conquistar a cidade enquanto busca a mão da princesa. Ahmed se disfarça de príncipe e adentra o palácio como um dos pretendentes. Depois de um encontro apaixonado, a Princesa escolhe Ahmed como seu futuro marido.
     Enquanto o Califa ainda enchia seu futuro genro de honras, uma das escravas da Princesa contou ao Príncipe Mongol que Ahmed era apenas um ladrão. Ele revela isto ao Califa e o impostor é açoitado e condenado a morte (porém é depois salvo).
     A Princesa, querendo ganhar tempos antes de escolher novamente, informa que aquele que voltar dentro de 7 dias com o tesouro mais raro será o seu escolhido. Ahmed acaba descobrindo esta tarefa e parte ele próprio em busca de um tesouro maior do que qualquer um poderia imaginar.

NOTAS: 8,5/10. Eu gostei do filme, diferente do que vimos e com cenas ótimas. Sempre que o tapete voador aparecia, eu ficava impressionado com os efeitos. E os cenários eram todos ótimos. Porém faltou algo no filme. Devo destacar que mesmo com pouco tempo de tela adorei Julanne Johnston.

CURIOSIDADES:

O Príncipe Persa foi interpretado por Mathilde Comont, uma mulher. Ela foi creditada como M. Comont para seu sexo não ser revelado, mas durante o filme é bastante óbvio que o Príncipe não é um homem.

Colocado como o #9 melhor filme do gênero fantasia pela AFI.

Com um orçamento estimado em 1 milhão e 135 mil, é um dos filmes mais caros da década de 20s.

PRÓXIMO:  A Greve...o primeiro dos filmes de Eisenstein, o nosso primeiro filme russo e, infelizmente, o nosso primeiro filme "propagandístico" da União Soviética.

domingo, 18 de dezembro de 2016

#19 - A Roda (1923)

Título: La Roue
Duração: 273 minutos
Dirigido por: Abel Gance
Escrito por: Abel Gance
Produzido por: Abel Gance, Charles Pathé
Estrelado por: Séverin-Mars, Ivy Close, Gabriel de Gravone, Pierre Magnier, Georges Térof
IMDB: 7,6
Rotten Tomatoes: 80%


     Durante mais de 4 horas acompanhei este ótimo filme de Abel Gance, que em cada uma de suas sequências nos mostrava a Roda girando, a vida girando. Uma história trágica, mitológica, humana e profunda, a Roda é inegavelmente um filme que mexe com nossos sentimentos e se entranha em nossos pensamentos.
     Tudo começa com uma magnifica cena de um acidente de trem, onde um viúvo maquinista resgata uma jovem criança e a leva para casa, onde coloca-a no mesmo berço de seu filho, da mesma idade. O tempo passa e ambos crescem achando que são irmãos. Porém tudo se complicou nesta família depois que Sisif, o maquinista, agora vive bêbado.
     O motivo para isto? Ele está apaixonado por Norma, sua "filha". Ele obviamente se esforça para retrair seus sentimentos, tentando cada vez mais se afastar dela. Ao mesmo tempo os "irmãos" Norma e Elie também estão ambos apaixonados, mas não comentam o assunto ou permitem que está ideia aflore, por serem, afinal, irmãos.
     Um rico homem de Paris, Jacques de Hersan, é apaixonado por Norma e vive pedindo-a em casamento, sem sucesso. Sisif acaba contando tudo para Hersan e este decide que o melhor para sua amada é que ela se afaste de seu pai. Ele por fim convence Norma a se casar com ele e ambos se mudam para Paris.
     Neste momento do filme eu estava triste e com pena dos quatro, todos pareciam estar infelizes. Hersan fazia de tudo para agradar sua esposa amada e era ignorado, Norma morria de saudades de seu irmão e de seu pai, Elie se corroía pela saudade e pelo sentimento que considerava errado, e Sisif se entregava cada vez mais na bebida.
     Mas como antes de começar a subir, a Roda deve descer ainda mais, um acidente acontece e Sisif vai pouco a pouco perdendo a visão. Elie descobre que não é irmão verdadeiro de Norma e envia uma carta para ela. Hersan lê a carta antes de sua esposa e, louco de ciúmes, vai em busca de Elie. Em uma cena memorável e intensa o marido e o irmão de Norma lutam ao lado de um grande penhasco, enquanto que Norma e o quase cego Sisif buscam ambos em meio a neve. No fim o mais trágico dos finais: tanto Elie quanto Hersan morrem. E neste momento ainda falta 1 hora para o final do filme.
     Não irei contar mais além desta parte, não quero estragar os últimos prazeres deste filme para vocês. Tenho apenas que destacar uma cena, onde Sisif carrega uma cruz em honra de seu filho durante uma nevasca. Impressionante, tocante, marcante.
     Sobre as atuações, as mais interessante foram a de Séverin-Mars como Sisif e Ivy Close como Norma. Ambos conseguiam expressar o sentimento e a dor que seus papéis pediam, e sem eles este dramalhão beirando ao incesto não seria o clássico que é hoje.

NOTA: 9/10. Fiquei extremamente tentado a dar um 9,5, mas levei em conta que os primeiros 50 minutos do filme (tirando a cena do trem) foram bastante parados. De qualquer modo, continua sendo um filme brilhante e lindo. Assistam, não se intimidem com a idade ou com o tamanho!

CURIOSIDADES:

9 horas de filme foram gravadas para Gance retirar as 4 horas e meia que usaria na versão final.

Abel Gance teve a ideia do filme no dia em que sua esposa Marguerite Davis foi diagnosticada com tuberculose. Gance acabou de editar o filme em 9 de Abril de 1924, poucas horas depois da morte de Davis.

CITAÇÕES:

"Sisif had to catch his breath. His heart was pounding like a racing connecting rod, while the twilight trains grew blurred in the phantasmagoric mist"

"And they are all bound upon the Wheel - - - bound from life after life!"

PRÓXIMO: O Ladrão de Bagdá...uma aventura baseada nos contos das mil e uma noites (e estrelado por Douglas Fairbanks).

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

#18 - Nossa Hospitalidade (1923)

Título: Our Hospitality
Duração: 74 minutos
Dirigido por: Buster Keaton, John G. Blystone
Escrito por: Clyde Bruckman, Jean Havez, Joseph A. Mitchell
Produzido por: Joseph M. Schenck
Estrelado por: Buster Keaton, Natalie Talmadge, Joe Roberts, Francis X. Bushman Jr., Craig Ward
IMDB: 7,9
Rotten Tomatoes: 96%

     Minha experiência anterior com Chaplin (assisti dois de seus filmes e nenhum me animou) parecia me dizer que comédia mudas não eram para mim. Obviamente eu estava enganado. Buster Keaton fez eu rir em todas suas cenas, sem exceção, além de me deixar impressionado com todas aquelas "acrobacias".
     A premissa do filme parece simples, com um leve quê de Romeu e Julieta. Os McKay e os Canfield se odeiam a gerações e vivem para matar um ao outro. John McKay e James Canfield duelam e morrem ambos no inicio do filme, o último McKay vivo, Willie McKay uma pequena criança, é levada pela mãe para Nova York. Anos depois Willie decide voltar para sua cidade, e no trajeto do trem acaba por conhecer Virginia Canfield, e ambos se apaixonam.
     McKay acaba o dia como convidado dos Canfield, e quando todos percebem quem ele é, não podem mata-lo enquanto estiver sob a sua hospitalidade, como convidado de sua casa. Sabendo disso Willie tenta ao máximo esticar sua estadia na casa.
     Ri em todas as cenas, e na perseguição final cheguei até mesmo a ficar aflito. O filme é realmente muito bom e merece ser visto, estou completamente ansioso pelas próximas obras de Buster Keaton, que interpretou comicamente Willie McKay. Vou destacar aqui também o ótimo trabalho de Natalie Talmadge, que era a esposa de Buster Keaton, no papel de Virginia.

NOTA: 9/10. O filme, sendo uma comédia, cumpriu o seu principal objetivo: fazer ir. Mesmo assim não deixou de contar com belas atuações e uma história interessante.

CURIOSIDADES:

O último filme de Natalie Talmadge, tendo ela posteriormente se dedicado apenas a cuidar da família (até que dez anos depois se separou de Buster e passou a odiá-lo). Foi também o último filme de Joe Roberts, que morreu pouco depois de seu fim.

Durante a filmagem da cena nas cachoeiras, o galho em que Buster Keaton se segurou realmente se rompeu, tendo ele conseguido por pouco se agarrar em outro galho e logo ser salvo. A cena em que o galho se rompe está presente no filme.

O bebê que interpretou Willie McKay como jovem era na verdade Buster Keaton Jr., filho de Keaton e Talmadge.

PRÓXIMO: A Roda...um dramalhão sobre romances em família.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

#17 - Esposas Ingênuas (1922)

Título: Foolish Wives
Duração: 143 minutos (versão restaurada)
Dirigido por: Erich von Stroheim
Escrito por: Erich von Stroheim
Produzido por: Irving Thalberg, Carl Laemmle
Estrelado por: Erich von Stroheim, Miss DuPont, Maude George, Rudolph Christians, Mae Busch, Dale Fuller
IMDB: 7,3
Rotten Tomatoes: 89%

     Foi com ansiedade que esperei a estreia de Erich von Stroheim na lista, e ela foi realmente recompensada. Stroheim dirigi o filme com brilhantismo e interpreta com maestria o Conde Sergius Karamzin, um cretino conquistador dos mais bem feitos da história do cinema.
    
      A premissa do filme é o falido Conde Karamzin e suas duas "primas", as "princesas" Olga e Vera. Ambos estão passando uma temporada em Mônaco, na esperança de conquistar dinheiro nos cassinos. Para isso os três usam notas falsas.
     A sorte do trio muda quando o novo embaixador dos Estados Unidos, Andrew Hughes, e sua esposa Helen chegam em Monte Carlo. Karamzin se aproxima pouco a pouco da embaixatriz e logo ambos se tornam próximos. Com a ajuda de Olga o Conde e Helen acabam presos por uma tempestade em uma cabana isolada. Cada vez mais próximos, Karamzin vê o momento de pedir dinheiro para Helen cada vez mais próximo.
     Usando toda sua falsidade e cretinice, Karamzin convence a empregada da casa que aluga em Monte Carlo, com quem tem um caso e prometeu se casar, a dar a ele todo o salário guardado em 20 anos de serviço. Com esse dinheiro Karamzin faz seus últimos movimentos para arrancar dinheiro de Helen.
     Infelizmente os últimos 20 minutos do filme são apressados e parecem levemente deslocados do que tínhamos visto até aquele momento. Não que isto afete o resultado, mas Stroheim poderia ter terminado sua estreia com um brilhantismo pouco visto nesta lista.

NOTA: 8,5. Se o final tivesse sido mais trabalhado (talvez com a adição de mais 20 minutos para a conclusão) mereceria um 9. Grande parte da nota se deve a brilhante interpretação de von Stroheim como um dos melhores canalhas do cinema.

CURIOSIDADES:

Originalmente 6 horas do filme foram gravadas, mais Stroheim foi obrigado a condensar em 2 horas. A versão restaurada posteriormente alongou o filme para 2 horas e meia.

Robert Edeson substituiu Rudolph Christians durante as filmagens como o embaixador após Christians morrer.

CITAÇÕES:

"-As an officer and a gentleman I demand apology
-Officer and gentleman hell. You are not even a man"

PRÓXIMO: Nossa Hospitalidade... a primeira comédia de Buster Keaton de nossa lista.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

#16 - Haxan - A Feitiçaria Através dos Tempos (1922)

Título: Häxan
Duração: 104 minutos
Dirigido por: Benjamin Christensen
Escrito por: Benjamin Christensen
Produzido por: Svensk Filmindustri (SF Studios)
Estrelado por: Benjamin Christensen, Clara Pontoppidan, Oscar Stribolt, Astrid Holm, Maren Pedersen, Elith Pio
IMDB: 7,7
Rotten Tomatoes: 88%


     Este foi decididamente um filme peculiar. Usando uma estrutura pouco vista em filmes (como se o autor estivesse apresentando um projeto para nós) este "documentário" romantizado consegue ser ao mesmo tempo sensível, humano e reflexivo. Usando o tema bruxaria ele é dividido em 7 partes.
     Na 1° parte o autor nos apresenta, quase que em uma apresentação de power point, os primórdios dos mitos sobre a criação da terra, da nossa posição no sistema solar e das imagens de demônios que aterrorizavam os antigos. Na 2° parte nos é mostrada a história de uma mulher que procura uma poção do amor para convencer um padre a transar com ela, assim como mostra a história que uma mulher que durante a noite era visitada pelo demônio.
     Nas partes 3,4,5 e 6 é nos narrada uma história maior. Um homem morre e é descoberto que ele foi enfeitiçado. Logo a jovem viúva acusa uma velha e pobre mulher de ser a bruxa. Em algumas dolorosas e penosas cenas a velha mulher acusada de bruxaria é torturada, até parar de negar sua inocência e confessar seus crimes, incluindo a identidade de outras bruxas (sendo a jovem viúva que a acusara uma delas).
     Na última parte o autor nos traz para o mundo atual (1922) e faz uma comparação entre as doenças psicológicas e a bruxaria. Ele mostra alguns casos de sonambulismo, esquizofrenia e cleptomania e os compara com os comportamentos descritos pelas bruxas da idade média. Ele acaba o filme fazendo uma irônica comparação ao dizer: "hoje substituímos as fogueiras por chuveiros aquecidos em hospícios".

NOTA: 7/10. Um filme impactante, "novo" e que desperta extrema curiosidade. Porém o formato não me agradou, tendo o filme se arrastado em algumas partes.

CURIOSIDADES:

Foi o filme mudo mais caro da história da Escandinávia.

O diretor Benjamin Christensen interpretou o Diabo.

Apesar de ser financiado por estúdios suecos, o filme foi gravado por Christensen totalmente na Dinamarca.

CITAÇÕES:

-Poor little hysterical witch! In the middle ages you were in conflict with the church. Now it is with the law.

PRÓXIMO: Esposas Ingênuas... a primeira obra-prima de Von Stroheim.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

#15 - Nosferatu (1922)

Título: Nosferatu, eine Symphonie des Grauens
Duração: 94 minutos
Dirigido por: FW Murnau
Escrito por: Henrik Galeen
Produzido por: Enrico Dieckmann, Albin Grau
Estrelado por: Max Schreck, Gustav von Wangenheim, Greta Schröder, Alexander Granach, Ruth Landshoff, Wolfgang Heinz
IMDB: 8
Rotten Tomatoes: 97%

Todos conhecem a clássica história de Drácula, adaptada dezenas de vezes para o cinema. Assistir esta adaptação (uma das três primeiras da história) traz uma sensação especial. Murnau nunca recebeu a autorização dos herdeiros de Bram Stoker para adaptar o livro Drácula, e devido a isto foi obrigado a fazer algumas alterações (Vampiro virou Nosferatu e Conde Drácula virou Conde Orlok), mas mesmo insatisfeitos os herdeiros de Stoker processaram o filme e uma decisão judicial ordenou que todas suas cópias fossem destruídas. Felizmente algumas se salvaram e trouxeram até nós este clássico.
Pelas minhas palavras anteriores posso passar a impressão de que adorei o filme, o que não é verdade. Achei o filme cansativo e, apesar de assustar e nos deixar tensos em alguns momentos, na maior parte do tempo não nos desperta qualquer emoção. Apesar disso as cenas finais do filme (assim como algumas dispersas durante sua duração) cumprem a fama.
Não há muito o que contar sobre a história, é aquela conhecida trama de um jovem que vai até o castelo na Transilvânia e descobre que seu anfitrião é um vampiro. Este estão mata várias pessoas, dorme em caixão e persegue a esposa do jovem. Apesar de levemente clichê, não podemos deixar de esquecer que este filme não teve clichês...ele inventou os clichês dos filmes de vampiro.
O maior ponto positivo do filme é sem dúvida a brilhante interpretação de Max Schreck e sua caracterização que marcou época. Mais do que o filme, a imagem de Nosferatu é um marco na história do cinema.

NOTA:7/10. Inicialmente daria 6,5, mas após reavaliar o filme em seu geral, um 7 apareceu.

CURIOSIDADES:

O personagem do Conde Orlok aparece apenas no minuto 21 do filme pela primeira vez e, no total, aparece apenas por 9 minutos em todo o filme.

Hoje em dia grande parte dos exteriores em Wismar e Lübeck ainda estão intactos.

O filme foi, até 1972, banido da Suécia por ter horro em extremo.

PRÓXIMO: Haxan, a feitiçaria através dos tempos...um "documentário" dedicado a bruxaria.

sábado, 10 de dezembro de 2016

#14 - Nanook, o Esquimó (1922)

Título: Nanook of the North
Duração: 79 minutos
Dirigido por: Robert J. Flaherty
Escrito por: Robert J. Flaherty
Produzido por: Robert J. Flaherty
Estrelado por: Allakariallak, Nyla, Allee, Cunayou, Allegoo, Camock
IMDB: 7,7
Rotten Tomatoes: 100%


     Nanook, o Esquimó, é um filme interessante de se assistir, mas de modo algum lhe anima, diverte ou instiga. Entendo que por ser um documentário devo ignorar um pouco isto, mas não sou realmente um grande fã do gênero.
     Tudo gira em torno da vida de Nanook, um líder esquimó que precisa trocar seus produtos com o "homem-branco", caçar, montar um iglu e outras coisas de esquimó. A premissa parece interessante, principalmente para a sua época.
     Um ponto negativo para o filme foram as descobertas pós-lançamento. Flaherty havia criado todas as situações e até mesmo mentido as relações entre os personagens. Na realidade os esquimós já usavam armas invés de lanças e flechas, a esposa de Nanook (realmente chamado Allakariallak) foi considerada feia demais para a filmagem e Flaherty a trocou por outra.
     Não tenho muito mais o que falar sobre o filme. Não foi o pior, mas foi um mal começo para os documentários, na minha opinião.

NOTA: 3/10. Não poderia dar qualquer nota acima de 3, o filme definitivamente não me cativou.

CURIOSIDADES:

Na famosa cena em que um iglu é construído, na verdade foi construído apenas "meio-iglu".

Nos créditos do filme Flaherty diz que Nanook acabou por morrer logo após as filmagens indo caçar e morrendo de fome. Na realidade o esquimó morreu de tuberculose.

PRÓXIMO: Nosferatu... o primeiro, de muitos, filme de vampiros de nossa lista.